Empresa de SC que demitiu funcionários em massa após tarifaço dos EUA tem 80 anos e histórico de exportações
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Trabalhadores fazem fila para serem demitidos em empresa de SC após tarifaço
A empresa de móveis que demitiu funcionários em massa em São Bento do Sul (SC), após queda nas vendas provocada pelo tarifaço de Donald Trump, atua no setor há 80 anos e é uma das mais tradicionais do estado. O Sindicato de Indústrias da Construção e do Mobiliário (Sindusmobil) estima que a Artefama Móveis tenha desligado cerca de 300 colaboradores nessa quarta-feira (17).
A empresa informou, em nota, que está "promovendo uma reestruturação" para se adaptar às mudanças recentes no mercado internacional e reduziu grande parte da equipe "para manter a operação viável".
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Questionada, a fábrica não confirmou o número de demissões, nem informou quantas pessoas integram o atual quadro de funcionários. Vídeo mostra que colaboradores tiveram que fazer fila para serem demitidos (assista acima).
No site da empresa, a Artefama é descrita como uma das líderes em exportação de móveis do Brasil, "sendo uma das mais reconhecidas no mercado internacional".
Somente no polo madeireiro da região, que reúne São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, o mercado americano é destino de 62% da produção.
💲 As tarifas sobre importações, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começaram a valer no início de agosto. Com elas, o país passou a cobrar os maiores impostos médios sobre produtos estrangeiros em mais de cem anos, afetando dezenas de nações.
Segundo um levantamento feito pelo Observatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), entre os produtos catarinenses, o setor de madeira e móveis foi o mais afetado. De acordo com o economista-chefe da entidade, Pablo Bittencourt, o setor é especialmente vulnerável ao tarifaço por depender fortemente do mercado americano e produzir itens personalizados para esse público.
Foco na exportação
A Artefama foi fundada em 1945 em São Bento do Sul. Começou vendendo artefatos de madeira e hoje é uma das indústrias moveleiras mais tradicionais do Brasil, produzindo sofás, poltronas, mesas, estantes, cadeiras e outros móveis de madeira de reflorestamento.
A primeira exportação, para o Texas, nos Estados Unidos, ocorreu apenas em 1967. A partir da década de 80, passou a ter um volume mais expressivo destinado aos Estados Unidos, um dos principais mercados consumidores.
Nos anos 80, passou a ter um volume mais expressivo exportado para os EUA. Em 1985, ano em que completou 40 anos, a empresa embarcou de 770 m³ de móveis com destino a Costa Leste do país.
Na década seguinte, conforme a empresa, o potencial exportador foi reconhecido pelo prêmio Dieter Schmidt.
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Artefama Móveis, em São Bento do Sul (SC)
Divulgação
Impactos
Segundo o presidente do Sindusmobil, Luiz Carlos Pimentel, indústrias exportadoras do setor estão sem previsão de geração de caixa futuro e, por isso, "se vêm obrigadas tomar decisões mais difíceis, como redução do quadro de funcionários".
Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) mostra que desde o anúncio da taxação, em 9 de julho, até 15 de setembro, foram registradas ao menos 4 mil demissões de trabalhadores do setor no país.
O setor inclui compensados, madeira serrada, pisos, molduras, portas, entre outros itens, e emprega 180 mil pessoas em todo o Brasil.
Demissão em massa em empresa de móveis de São Bento do Sul (SC)
Redes sociais/Reprodução
Medidas
O presidente do Sindusmobil destaca que essas empresas têm recorrido a medidas temporárias como acordos coletivos, redução de jornada e férias, além de negociações com clientes e busca de novos mercados.
"Acordos coletivos de trabalho, incluindo redução de jornada e férias, têm sido praticados, mas eles têm um tempo determinado da validade".
"Em outra frente, também vêm buscando contatos para abertura e fortalecimento em novos mercados, que é uma tarefa complexa, que exige tempo e investimentos", completou.
Em agosto, o governo de Santa Catarina anunciou um pacote emergencial de R$ 435 milhões para ajudar as empresas catarinenses afetadas. As medidas tributárias e financeiras buscam garantir a manutenção de mais de 70 mil empregos diretamente ligados às indústrias impactadas.
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