Guardas de Itapira presos em operação exigiam dinheiro de traficantes para evitar prisões, aponta MP
15/09/2025
(Foto: Reprodução) Ivan Ricardo da Silva, Carlos Augusto Ferreira e Joel Cássio foram presos nesta segunda (15), suspeitos de extorsão e corrupção passiva na GM de Itapira (SP), segundo o MP.
Reprodução EPTV
Os três guardas municipais de Itapira (SP) presos na manhã desta segunda-feira (15) são investigados por exigir dinheiro de traficantes para evitar prisões em flagrante, de acordo com o Ministério Público. Confira abaixo.
Durante a operação, Carlos Augusto Ferreira foi preso em Itapira, Ivan Ricardo da Silva em Mogi Guaçu (SP) e Joel Cássio em Holambra (SP). A ação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pelo Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) da Polícia Militar.
Os suspeitos podem responder por crimes como extorsão, corrupção passiva, falso testemunho e falsa comunicação de crime. O g1 não conseguiu localizar a defesa dos guardas até a publicação desta reportagem.
A prefeitura de Itapira informou que colaborou com as investigações do MP e que já havia instaurado procedimento administrativo interno para apurar as denúncias.
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Como funcionava o esquema?
A apuração começou a partir de denúncias de duas ocorrências distintas: uma delas ocorreu no segundo semestre de 2024 e a outra no começo de 2025. Uma pessoa chegou a ser presa de forma irregular depois de se recusar a pagar a quantia exigida.
Os três agentes eram da mesma equipe. Eles chegaram a ser separados após reclamações internas, mas continuaram sendo alvos de denúncias;
As investigações apontam que os agentes cobravam dinheiro de traficantes para que não fossem presos em flagrante;
Em um dos casos que gerou as investigações; o MP aponta que um dos guardas teria pedido R$ 5 mil para não prender um traficante;
Como o valor pedido não foi pago, os guardas apresentaram a pessoa presa por tráfico na delegacia. Depois, o homem foi solto em audiência de custódia;
O próprio traficante confirma ter efetuado os pagamentos.
A partir desse caso, o MP também investiga os crimes de falso testemunho e falsa comunicação de crime.
"Há várias denúncias de que eles iam pulando em casas de possíveis traficantes e exigindo quantias em dinheiro para não levarem essas pessoas presas", disse promotor de Justiça do Gaeco de Campinas (SP), Rodrigo Lopes.
As investigações ainda vão apontar há quanto tempo os três agentes agiam e quanto eles faturaram com o esquema criminoso.
O que diz a prefeitura?
Em nota, a prefeitura de Itapira informou que o processo de investigação contou com a total colaboração do comando da GCM, que forneceu todas as informações solicitadas e, inclusive, já havia instaurado procedimento administrativo interno para apurar as denúncias antes da atuação do MP.
A administração e a Guarda Municipal destacaram que "não compactuam com práticas criminosas ou abusivas" e que "continuarão sendo as principais interessadas em esclarecer os fatos e afastar da corporação aqueles que desonram a função pública".
"Os atos praticados pelos três acusados não representam os valores, a conduta e o compromisso da Guarda Civil Municipal de Itapira, instituição reconhecida regionalmente por sua atuação no combate à criminalidade e na proteção da população. A corporação permanece sendo motivo de orgulho para os itapirenses e seguirá firme em sua missão de servir e proteger a comunidade", diz a nota.
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Ministério Público
Sobre a operação
A ação mobilizou cerca de 40 policiais militares, além de cinco promotores de justiça e sete servidores do Ministério Público. Além dos três mandados de prisão temporária, foram cumpridos quatro de busca e apreensão.
Foram apreendidos celulares, e as armas e uniformes da corporação que estavam com os investigados foram devolvidos à Guarda Municipal de Itapira.
"Nós realizamos uma varredura com cães treinados para farejar o dor de drogas e um outro cão específico para o dor de armas. Ambos foram utilizados e nada de lícito foi encontrado", relatou o capitão Alexandre Antunes, da Polícia Militar.
O nome da operação, Olhos de Águia, faz referência à capacidade de enxergar além das aparências, observando detalhes sem perder o foco.
A escolha simboliza o objetivo de identificar e prender agentes que, apesar de atuarem sob a aparência de legalidade, utilizavam suas funções para encobrir práticas ilícitas.
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